História e Características Gerais da Raça
Surgido no Tibete, esse pequeno cachorrinho vem caindo no gosto das pessoas de todo mundo! O interessante é que o Lhasa é exatamente um cão tibetano, com todas as características dos cães daquela região.
O Tibete esta situado num planalto, com altitude aproximada de 4.000 metros, rodeado ao sul e ao leste pelo Himalaia e ao norte pelo Kulun Shan (um monte de 7.500 metros). O clima é árido e frio, variando de vegetação rasteira a um verdadeiro deserto, tendo poucas áreas agrícolas somente nas regiões de vale.
Os primeiros Lhasas que chegaram ao ocidente foram levados do Tibete em 1920 por ingleses que visitaram a região. Em 1930 eles foram levados pela primeira vez aos Estados Unidos.
Observando o Lhasa e as características do Tibete, a gente entende que apesar de ser um cãozinho lindo, o Lhasa foi desenvolvido muito mais para se adaptar bem a sua região do que pela sua beleza. A região onde este pequeno cachorrinho surgiu é uma das regiões menos hospitaleiras do planeta. A atmosfera é tão rarefeita devido a altitude, e o oxigênio é tão escasso, que algumas pessoas podem desenvolver edemas pulmonares e até morrer se não forem levadas a baixas altitudes.
O povo do Tibete sempre teve de cães a seu lado, cães grandes e médios para guarda, caça e pastoreio e cães pequenos para companhia e para servir de alarme nas tendas. Entretanto, os tibetanos sempre viveram uma vida muito difícil, podendo dar muito pouco para seus animais, com isso, os cães que não se adaptavam a vida que tinham, acabavam morrendo, restando somente os que sobreviviam as doenças e parasitas e que estavam melhor adaptados ao clima difícil da região.
A primeira necessidade dos animais dessa região é ser capaz de manter o calor, para isso, o animal deve ter seu corpo formado por músculos e gordura com muito pouca massa óssea. Sua superfície deve ser menor e sua massa o maior possível, corpo compacto com patas curtas. E devem ter um bom isolamento térmico, através de gordura e pelagem. Devem também se proteger da radiação solar, por isso a pelagem espessa e ter uma superfície pulmonar extensa, para facilitar a absorção de oxigênio, escasso na região.
Alem disso, devido ao terreno muito acidentado tem uma grande impulsão, que os permite saltar grandes alturas. Seu corpo é muito mais forte do que rápido, podendo andar, subir e saltar com muito mais facilidade do que correr.
Para completar sua função de “sentinela” e cão de companhia o Lhasa precisa ser calmo, inteligente, alerta e independente. Sua indiferença a estranhos sempre foi muito apreciada pelos tibetanos, embora com as pessoas próximas, sempre é muito sensível, apegado e brincalhão. No Tibete eles são conhecidos pelo nome de Abso Seng Kye, ou O Cão-Leão Sentinela que Late.
Seu pelo exige alguns cuidados, como banhos semanais ou a cada duas semanas, escovação diária e tosas freqüentes. Muitos donos de Lhasa, acabam optando por deixar o pelo de seus cães curto, assim com bem menos trabalho é possível manter esse pequeno peludo livre dos nós.
O Lhasa é considerado um cachorrinho bastante resistente a doenças. Os problemas que mais afetam a raça são alergias de pele causadas por picadas de pulgas, retenção de umidade na pelagem e alimentação errada, conjuntivites que podem surgir pela irritação provocada pelos pêlos que caem sobre os olhos, a Atrofia Progressiva da Retina e a Displasia Renal, estas duas ultimas, doenças genéticas.
Tamanho:
No padrão FCI (Federação Cinológica Internacional), os machos devem medir cerca de 25,4 cm na altura da cernelha e as fêmeas devem ser ligeiramente menores. O AKC (American Kennel Club) aceita machos entre 25cm e 28 cm de cernelha, com fêmeas ligeiramente menores).
Peso:
Não é definido pelo padrão, mas normalmente ficam entre 6 e 7 quilos.
Aparência:
Bem balanceado, vigoroso com densa pelagem, alegre e auto-confiante, com temperamento alerta, estável, mas reservado com estranhos.
Pelagem e Cor: A pelagem deve ser longa, pesada, lisa, áspera, nem lanosa nem sedosa, com subpêlo moderado. Todas as cores são aceitas: dourado, areia, mel, mesclado escuro, malhado, esfumado, particolor, preto, branco e castanho
Cabeça:
Pelagem abundante na cabeça, com queda sobre os olhos. Barba e bigodes bem desenvolvidos. Crânio moderadamente estreito diminuindo atrás dos olhos, não deve ser perfeitamente plano mas também não deve ser abobadado ou em forma de maçã. Focinho reto com stop moderado e trufa preta. Olhos escuros, ovais de tamanho médio. Orelhas caídas com pelagem densa. A mordida deve ser tesoura invertida
Cauda:
De inserção alta, deitada sobre o dorso, com franja
Expectativa de vida:
cerca de 14 anos.
Nota:
O Lhasa é normalmente bastante resistente e saudável, mas como em todas as raças existem algumas doenças genéticas que merecem atenção. Entre elas estão a displasia renal; falta de lubrificação nos olhos, “cherry eyes” (inflamação de uma glândula que normalmente fica no canto interno do olho, debaixo da pálpebra inferior), e luxação de patela, além de alergias, como por exemplo, a picada de pulgas.
Perfil da Raça
Sua função original era ser o cão sentinela do palácio do Dalai Lama no Tibete, acreditava-se que esse pequeno peludo se transformava em um Leão quanto precisava proteger seu dono. Quando o Dalai Lama queria mostrar sua amizade por alguém, presenteava com um Lhasa Apso. Por ai a gente pode começar a imaginar como são preciosos esses cachorrinhos.
Diferente de todos os outros cachorros de pequeno porte, o Lhasa é um cachorro independente, que na maioria das vezes suporta bem passar o dia em casa esperando seu dono voltar do trabalho. E, melhor ainda, quando seu dono chega em casa, não precisará dar um longo passeio, ou brincar com seu peludo por horas. O Lhasa se contentará em brincar um pouquinho e passar o resto do tempo deitadinho nos pés do dono.
Mas não espere um cachorro sem personalidade! Por ser um cão bastante independente, o Lhasa pode muitas vezes dominar o dono, caso este não saiba impor limites. Eles se vêem como grandes e importantes, por isso é muito importante que os limites sejam impostos enquanto ainda forem filhotinhos, para se evitar problemas mais sérios quando se tornarem adultos. Quem espera ter apenas um bichinho de pelúcia debaixo de uma carinha angelical pode se decepcionar profundamente. Este não é um cão criado para ter como principal objetivo de vida agradar seu dono.
Apesar de normalmente não serem agressivos, não costumam ser muito tolerantes com brincadeiras de crianças pequenas e podem, facilmente, morder para se ver livre de mãozinhas indelicadas. Também não são muito afeitos a carinhos de estranhos, sendo geralmente reservados e “esnobes” com as visitas. Com os donos eles são alegres e “palhaços”, basta haver uma platéia de plantão que o Lhasa está pronto para fazer gracinhas e ganhar corações.
Costumam latir bastante quando escutam barulhos, por isso se você morar em um apartamento e não quiser ter problemas com os vizinhos, é também muito importante controlar os latidos desses pequenos desde cedo.
Um outra característica que pode surpreender os donos de Lhasa que se deixam encantar pela sua aparência meiga é que esta raça, quando não é educada corretamente e não reconhece no seu dono o líder da matilha, torna-se bastante dominadora e não hesitará em ocupar o posto de “chefe da casa”. Não é raro encontrar casos de Lhasas que rosnam ou mordem quando são contrariados, retirados dos seus locais preferidos, quando alguém chega perto de “sua pessoa preferida” ou quando alguém tenta mexer na sua comida. A propósito, as fêmeas de Lhasa tendem a ser mais “mandonas” do que os machos da raça.
No livro The Intelligence of Dogs de Stanley Coren, o Lhasa Apso ocupa a 67ª posição entre as raças pesquisadas. Ainda segundo o autor, isto significa que eles são considerados apenas como aceitáveis no processo de aprendizado e na capacidade de serem treinados para executar tarefas. As vezes é preciso cerca de 25 repetições antes que eles comecem a mostrar algum sinal de entendimento do comando novo e provavelmente serão precisas outras 40 a 80 repetições antes que eles se tornem confiáveis em tal comando. Ainda sim o hábito de responder ao comando pode parecer fraco.
Muita prática, com várias repetições, será preciso para que a raça finalmente atenda aos comandos prontamente e se torne obediente. Se eles não forem treinados várias vezes, com dose extra de persistência, estes cães irão agir como se tivessem esquecido completamente o que se espera deles. Sessões ocasionais de reforço serão necessárias para manter a performance do cão num nível aceitável. Se os donos trabalharem apenas o “normal” para manter seus cães treinados, os cães irão responder prontamente no primeiro comando em apenas 30% dos casos. E mesmo assim, eles obedecerão melhor se o dono estiver muito perto deles fisicamente. Estes cães parecem estar sempre distraídos e obedecem apenas quando eles assim desejam.
A maioria dos donos descreve seus cães com os mesmo adjetivos usados para se descrever um gato. Eles são independentes, esnobes, se aborrecem facilmente e assim por diante. Um treinador experiente, com muita paciência, tempo, que seja firme e ao mesmo tempo carinhoso, é o que irá conseguir tirar o melhor destes cachorros, mas mesmo assim vai ter que dar um duro danado para conseguir que eles obedeçam com um pingo de entusiasmo.
Obs.: O gráfico acima é o resultado de um estudo realizado por Benjamin L. Hart e Lynette A. Hart, veterinários e Phd’s em comportamento animal, que entrevistaram dezenas de veterinários, treinadores e juizes de competições de obediência nos EUA.
© LordCão Treinamento de Cães 2009