Fox Terrier

História e Características Gerais da Raça
Embora a origem dos cães “terriers” seja muito antiga (existem descrições de cães parecidos com terriers já em 55 D.C., quando romanos invadiram a Grã Bretanha), o primeiro terrier, “verdadeiro”, foi descrito em 1570 por um médico inglês chamado John Calus of Cambridge. Desde então, a história canina está cheia de estórias de terriers, de sua coragem, determinação e temperamento característico.

Existem dois tipos de Fox Terrier: o pêlo curto e o pêlo de arame, ou pêlo duro. Na verdade o Fox Terrier de pêlo liso é mais antigo que seu primo de pêlo duro em cerca de 20 anos. O Fox Terrier pêlo duro surgiu, provavelmente, do cruzamento entre o antigo Black e Tan Wired Haired Terrier (raça já extinta) com o Fox Terrier de pêlo curto, com o objetivo de conseguir a cor predominantemente branca, que os caçadores preferiam. Hoje elas são consideradas raças distinta, mas até 1984 ainda eram exibidas nos EUA como variedades da mesma raça.
Existem muitas teorias sobre que tipo de cães teriam participado na formação do Fox Terrier pêlo liso. Muitos defendem a tese de que teria sido o cruzamento de um Terrier Inglês, totalmente branco, ou um “Black and Tan” Manchester Terrier, com um Bull Terrier, ou Beagle. O que se sabe é que o primeiro pedigree da raça foi emitido em 1860 e antes disso tudo é estória. A raça foi padronizada em 1876 por Francis Redmond na Inglaterra.

O progenitor no Fox Terrier de pêlo Liso dos dias de hoje é considerado como sendo um cão de nome Old Jack, que nasceu em 1859 no Grove Kennel, na Inglaterra. No entanto os registros daquela época não são muito confiáveis, já que a rivalidade entre os canis era intensa, fazendo com que os criadores mudassem seus registros constantemente. É possível reconhecer cachorros com as mesmas características do Fox Terrier em pinturas do século 18, mas o clube da raça só foi criado em 1876.

O Fox Terrier, como o nome já diz, foi desenvolvido para caçar pequenas presas que se escondem em tocas, principalmente raposas. A idéia era criar um cachorro pequeno e extremamente forte para que ele pudesse entrar nas tocas das presas e encurralá-las até que seu dono pudesse tirá-los de lá. Por ser pequeno, estes terriers eram levados até o ponto da caçada dentro de bolsas ou caixas em cima dos cavalos.

Além de fortes, compactos e musculosos, os Fox Terriers são dotados de muitas “armas” úteis em caçadas, como mandíbulas poderosas, dentes imensos (se comparados com o tamanho do crânio), coragem, perseverança e resistência física.

Embora sejam considerados como raças distintas, o Fox Terrier pêlo liso e o pêlo duro são extremamente parecidos em termos de temperamento, tipo físico e tamanho.

Tamanho:
Não mais do que 40 cm na cernelha e entre 7 e 8 quilos, sendo as fêmeas ligeiramente menores.

Aparência:
Corpo “quadrado”; movimentos cheios de vida e paralelos.

Pelagem e Cor:
O Fox Terrier de pêlo Liso possui o pêlo macio, liso, curto e denso. A cor predominante é o branco, com manchas pretas, marrons ou douradas. Manchas tigradas, vermelhas ou fígado não são desejadas.
O Fox Terrier de pêlo de arame possui uma camada dupla de pêlos, sendo a maior e mais externa dura, ondulada, resistente a sujeiras e ao clima; A camada mais próxima da pele é macia e mais oleosa que a externa, permitindo um melhor isolamento térmico e também formando uma camada protetora contra a chuva. Quando o pêlo está muito grande e perto de cair, o Fox Terrier pêlo de arame fica com uma aparência mais esbranquiçada, com suas cores mais claras e opacas. Neste caso é preciso que o cão seja tosado por um profissional, ou pessoa experiente.

Cabeça:
Crânio achatado, estreito com focinho afilando; nariz preto; olhos pequenos escuros e profundos; orelhas pequenas em formato “v” pendendo para frente.

Cauda:
Cortada deixando aproximadamente ¾ do tamanho original, carregada alta.

Expectativa de vida:
De 13 a 15 anos.

Perfil da Raça
O Fox Terrier é normalmente descrito pelos seus donos como sendo o melhor cachorro do mundo, mas todos reconhecem que este não é um cachorro para qualquer dono.

Com o temperamento de um cão de caça de raposa, o Fox Terrier apresenta um comportamento que pode ser interpretado como desvantagem por um dono inexperiente ou que tenha expectativas diferentes, esperando, por exemplo, um cachorro que fique o dia inteiro deitado no sol.

Fox Terriers têm uma disposição e energia infindáveis. Estão sempre dispostos a começar uma jornada de trabalho ou a fazer investigações no ambiente que o cerca. A falta de exercício e a falta de supervisão por parte do dono não vão parar um FT de procurar o que fazer, e os resultados podem ser uma destruição total da sua casa.

Um outro ponto que deve ser levado em consideração é de que, por ser um cachorro desenvolvido para se enfiar debaixo da terra atrás de sua presa, esta raça é conhecida por desconhecer o medo. Pensam que são Rottweilers ou ainda maiores, são pouco sensíveis a dor, são extremamente teimosos e persistentes (de que vale um cachorro de caça que logo desiste de uma raposa fujona ou que lhe mostra os dentes?), gostam de cavar o quintal inteiro e sempre haverá um risco grande dele seguir um cheiro novo e se esquecer de voltar quando chamado, principalmente se estiver sem coleira.

Em termos de obediência, esta raça já foi descrita, erroneamente, como impossível de treinar. Na verdade, não há o que um FT não aprenda, o mais difícil é mantê-lo motivado.

Se o que você procura um cachorro de pequeno porte, mas forte e compacto, sempre pronto para uma aventura, extremamente inteligente, vivo, engraçado, espirituoso e leal, este é o cão.

Começando a treiná-lo desde muito cedo, e com uma postura firme e consistente, você terá um amigo inseparável pelos próximos 15 anos, nunca perdendo a sua característica brincalhona e amorosa. Ele aprende truques como um verdadeiro cachorro de circo. Seu maior problema é a tendência de não suportar a presença de outros cães do mesmo sexo, estando sempre pronto para uma briga. Além disso, são extremamente “vocais”, gostando de latir para qualquer movimento ou barulho estranho e, por isso mesmo, serve como excelente cão de guarda.

No livro The Intelligence of Dogs de Stanley Coren, o Fox Terrier pêlo liso ocupa a 40ª e o Fox Terrier pêlo de arame ocupa a 51 ª posição entre as raças pesquisadas, em termos de obediência e também na execução de tarefas de trabalho. Ainda segundo o autor, isto significa que eles estão entre o grupo de cães que são considerados como medianos no processo de aprendizado e na capacidade de ser treinados para executar tarefas.

Durante o período de aprendizado eles irão demonstrar sinais rudimentares de compreensão da maioria dos comandos após 15 a 20 repetições. No entanto, para que eles obedeçam razoavelmente serão necessárias de 25 a 40 experiências bem sucedidas. Se forem treinados adequadamente estes cães irão apresentar boa retenção e eles irão se beneficiar, definitivamente, de todo esforço extra que o dono dispensar durante o período inicial do aprendizado. Na verdade, se este esforço concentrado não for aplicado no início do treinamento, o cão parece perder rapidamente o hábito de aprender.

Normalmente eles respondem no primeiro comando em 50% dos casos, mas o grau de obediência final e a confiabilidade irá depender da quantidade de prática e repetições durante o treinamento. Eles também podem responder de uma forma consideravelmente mais lenta do que as raças classificadas em níveis mais elevados de obediência.

Um outro detalhe é que estes cães costumam ser extremamente sensíveis à distância física entre eles e seus donos. Ou seja, na medida em que a distância entre o cachorro e o dono aumenta, pior fica do cachorro obedecer prontamente, ou mesmo de obedecer. Não é incomum que, a partir de determinadas distâncias (que com alguns cachorros não precisa ser muito grande), já sejam necessárias várias repetições do comando, ou que o tom de voz tenha que ser elevado, para que se consiga fazer com que o cão obedeça corretamente.

Paciência e persistência são condições indispensáveis para que estes cães sejam treinados com sucesso e não se tornem “impossíveis”.

Obs.: O gráfico acima é o resultado de um estudo realizado por Benjamin L. Hart e Lynette A. Hart, veterinários e Phd’s em comportamento animal, que entrevistaram dezenas de veterinários, treinadores e juizes de competições de obediência nos EUA.

© LordCão Treinamento de Cães 2009