História e Características Gerais da Raça
Alguns dizem que sua origem vem da Rússia, onde esta raça era muito usada para pastorear gado, e também foi usada posteriormente pelos Bárbaros para pastorear ovelhas no Oriente Médio e Norte da África. A invasão da Península Ibérica pelos Mouros trouxe a raça para Portugal e Espanha. Outros estudiosos dizem que a raça já existia na região de Algarve desde antes de Cristo, quando estes cães eram considerados sagrados e quem os matava era severamente punido. Quando o povo daquela região começou a buscar comida no mar, estes cães foram utilizados para auxilia-los nesta tarefa.
Qualquer que seja a verdadeira origem, a raça é hoje considerada como puramente portuguesa e tem sido utilizada pelas tripulações de barcos pesqueiros já há bastante tempo. Sua grande habilidade para nadar e mergulhar fez Cão d’Água Português um cão muito apropriado para trabalhos perigosos no mar. Além de auxiliar na pescaria pegando com sua boca peixes que escapavam da rede, estes cães eram utilizados para enviar mensagens de um barco para outro, ou do barco para a costa; para resgatar pescadores caídos no mar; para procurar cardumes e dirigi-los para a rede; para mergulhar e buscar objetos caídos da embarcação; e para proteger o barco.
Sua excelente visão e bom faro eram utilizados para procurar cardumes de dentro do navio. Ao final do dia sua tarefa era proteger o resultado da pesca e os equipamentos, sendo sua recompensa uma refeição de peixe.
Ele também foi o predecessor da “buzina”, pois durante nevoeiros ele sentava a frente do barco e latia sem parar para avisar aos outros barcos da sua presença. Sua utilidade para os pescadores era tamanha que um deles foi oficialmente colocado na folha de pagamentos do navio.
O primeiro golpe na raça aconteceu por volta dos anos 30, quando o avanço da agricultura se tronou a principal cultura de Portugal. Foi quando um rico armador, chamado Vasco Bensaude, ficou interessado pelo Cão d’Água e reunindo alguns bons exemplares passou a cria-los.
O Cão d’Água iria sofrer nova baixa ao final da década de 50, quando, devido ao avanço tecnológico nos processos de pesca e navegação, quase chegou a extinção. Mas, com o esforço de dedicados admiradores, sua criação foi retomada e desenvolvida. Um dos grandes admiradores da raça e que foi responsável por grande parte da divulgação em torno dela foi Jacques Cousteau.
Tamanho:
Machos: de 50 a 70 cm de altura;
Fêmeas: de 43 a 52 cm (na cernelha).
Peso:
Machos: varia de 19 a 25 quilos.
Fêmeas: de 16 a 22 quilos.
Aparência:
Corpo robusto, musculoso de tamanho médio. Os olhos são levemente inclinados e de cores castanhas ou pretas. Orelhas longas em formato de coração caídas próximas a cabeça. Membros retos e fortes.
Pelagem e Cor:
Pelagem dura e espessa que cai pouco. Ondulada ou encaracolada, sem subpelo. As cores podem ser preta, branca, castanha, ou uma mistura delas. A tosa indicada é com o focinho e a parte traseira raspadas.
Cabeça:
Tem uma cabeça larga, proporcional ao corpo e com um focinho estreitando na sua ponta. Suas mandíbulas são fortes com dentes caninos bem desenvolvidos.
Cauda:
de tamanho médio, grossa na base e afinando ao longo. A cauda deve ser levemente enrolada para cima quando o cão está atento. A cauda é bastante utilizada para nadar e mergulhar.
Propensão a doenças:
Estes cães deveriam ser testados para verificação de uma doença fatal no sistema nervos, que aparece nos filhotes por volta dos 6 meses de idade. Outra doença que ocorre com uma certa freqüência na raça é a displasia coxo-femural. Outra preocupação dos donos deve ser com a obesidade. Sem a quantidade adequada de exercícios o Cão de Água Português tem tendência a engordar bastante. Também possuem tendência em desenvolver problemas de pele em função de alergias a pulgas.
Perfil da Raça
O Cão d’Água Português é o cão ideal para as pessoas que possuem um espírito jovem e ativo. É uma raça robusta, forte e sempre disposta a trabalhar para o seu dono. Tanto os machos quanto as fêmeas são calorosos, sensíveis e amorosos. Apesar de ser amigável e alegre com qualquer pessoa, ele é leal apenas a sua família e sua vida gira em torno de seu “master.” Suas brincadeiras excessivas podem aborrecer, principalmente pela característica de usar muito as patas, inclusive abrindo portas. A maioria dos Cães d’Água se adaptam muito bem a vida urbana em apartamentos.
A personalidade típica destes cães é vivaz, impetuosa, afetuosa, agradável, e bom companheiro, no entanto, quando pressionados, eles podem se tornar temperamentais e “malcriados”. Um dos seus hobbies prediletos e testar a paciência do dono. Persistentes, eles são capazes de tomar uma bronca e logo em seguida voltar a fazer as coisas da maneira deles. Persistência esta que é uma grande virtude no trabalho, mas um grande aborrecimento no dia-a-dia.
É um cão muito afável com pessoas e outros cachorros. Na verdade o Cão d’Água adora a companhia de outros cães, e se algum cachorro não tolera suas investidas amigáveis eles simplesmente ignoram qualquer sinal de agressividade e seguem demonstrando toda a simpatia da raça. Com os humanos eles tendem a ser ciumentos e precisam de bastante atenção. O Cão d’Água Português é um cão de inteligência excepcional, que obedece a qualquer ordem dada pelo seu dono, com facilidade e prazer. É obediente com quem cuida dele e com quem ele trabalha. É um animal de grande disposição para o trabalho, independente, bravo e muito resistente ao cansaço. Tem uma expressão atenta e penetrante, uma ótima visão e olfato razoável. Também notável é a sua memória, capaz de nunca esquecer um rosto ou cheiro.
Eles possuem um forte instinto de proteção e podem ser usados como cão de guarda. Ainda filhotes eles aprendem facilmente a morder para conseguir o que querem e por isso mesmo devem ser ensinados desde cedo que este é um comportamento inadmissível.
Em termos de treinamento eles precisam de uma mão firme, mas ao mesmo tempo de muito estímulo positivo, já que eles nunca se esquecem de qualquer experiência desagradável. No momento em que eles forem convencidos a realizar uma determinada tarefa, os Cães d’Água desenvolvem tamanha vontade de executar este trabalho que dificilmente irão esquece-lo.
O grau de dominância varia de cão para cão, mas eles vão se apresentar como “donos” da sua casa se assim for permitido. É um caso típico de cachorro que não sobe no sofá quando os donos estão em casa, mas que, assim que todo mundo sai, não se priva do direito de tirar uma longa soneca na poltrona preferida.
Dois hábitos são quase impossíveis de se corrigir: Pular nas pessoas e destruir as plantas.
Como outros cães de trabalho o Cão de Água Português tem um elevado nível de energia e precisa de ser exercitado diariamente. Estes exercícios podem ser feitos na terra ou na água. Embora eles adorem a vida ao ar livre, estes não são cães para viver em canis isolados das pessoas, já que para eles a interação com sua família humana é imprescindível.
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