Welsh Terrier

História e Características Gerais da Raça
Ainda pouco conhecido e bastante difícil de se encontrar no Brasil, o Welsh é um terrier bastante charmoso. Provavelmente uma das raças mais antigas de “puro terriers” do mundo, eles são muitas vezes confundidos com os Wire Fox Terriers e como miniaturas de Airedales Terriers. Suas características praticamente continuam sendo as mesmas de séculos atrás quando a raça foi desenvolvida especialmente para caçar texugos, raposas e lontras nas altas montanhas e nos vales escondidos de Gales.

O Welsh e o Lakeland Terrier também são bastante parecidos e provavelmente devem ter surgido na época em que os Romanos invadiram a Inglaterra e os Celtas se recolheram para as montanhas do atual país de Gales e do Lake District. Existem pinturas do início do milênio que mostram terriers da época, hoje conhecidos como Old English Terrier ou Black and Tan Wire Haired Terrier.

Em 1450, um poeta do país de Gales escreveu sobre um “bom terrier preto e vermelho”. Em 1700, o Welsh já era usado para caçar raposas no país de Gales. A caçada acontecia com a ajuda dos hounds, cães que caçam pelo olfato ou visão, que localizavam os pequenos animais. O terrier por sua vez, desencurralava e apreendia a presa ou forçava-a mais uma vez a correr pelos campos para uma nova perseguição. Como um bom terrier que se preza (terrier em latim significa “terra”), a caçada só chegava ao fim quando o Welsh entrava nas tocas dentro do solo e surpreendia a presa. Como se envolviam no combate físico com animais bastante ferozes, os Welshes foram desenvolvidos para serem mais corajosos que os outros cães que acompanhavam os caçadores a cavalo. Nesta época, a força, a valentia e o pequeno tamanho dos Welshes foram os objetivos alcançados pelos criadores. Os caçadores e criadores procuravam também selecionar aqueles Welshes que tinham um olfato apurado, fato que aumentava o valor do corajoso terrier e o tornava um completo terrier de trabalho.

Em 1850 já se documentava pedigrees desses terriers e cinco anos depois a raça ganhou o nome de Welsh Terrier. Eles foram para pista de competição pela primeira vez em Caernarfon, Wales em 1885, mesmo ano que os primeiros exemplares chegavam na América. Um ano depois o primeiro clube da raça surgiu em Gales e em 1900 foi fundado o Welsh Terrier Club of America.

Alguns historiadores acreditam que todos os terriers são um aprimoramento de uma única raça de terrier, o Old English Black and Tan. Antigas pinturas mostram esse terrier como um cão de porte médio-pequeno de expressão alerta, normalmente de pelo aramado e com orelhas pequenas. Hoje, esta raça não existe mais, provavelmente porque seus criadores e admiradores encontraram nas suas novas variações qualidades mais importantes e desejáveis. Famílias inteiras de raças de terriers gradualmente evoluíram devido ao cruzamento repetitivo de determinados cães. Esses cães foram escolhidos para tal fim porque mostravam um talento superior em caçar certos animais e conseguiam transmitir, com sucesso para seus filhotes, suas características genéticas exemplares. Com esse objetivo podemos concluir que naquela época, os caçadores estavam atrás do terrier perfeito. Eles queriam um cão pequeno de boa estrutura óssea e muscular, com uma forte mandíbula e arcada dentária.

Os caçadores de Gales queriam também um cão valente, cheio de disposição, porém calmo, que pudesse ser seu companheiro e guardião das crianças da fazenda, que pudesse também conviver no canil junto com os outros cães. Para sua própria proteção ele teria que ser robusto, ter um pelo mais duro e resistente as variações climáticas da região. Suas características estéticas e padrão de beleza eram o que menos importava para os criadores, pois os Welshes seriam um cão terrier de trabalho completo. Desta maneira, desde o começo de sua aparição, os Welshes sempre foram cães proporcionais e compactos para o seu objetivo: a caça.

Tamanho:
Tanto para os padrões da FCI (Federação Cinológica Internacional) quanto para os do AKC (American Kennel Club), o Welsh Terrier devem em média 35 cm na cernelha e devem pesar em torno de 9 quilos. As fêmeas naturalmente podem ser um pouco menores.

Aparência:
Cão de porte pequeno, não micro. Por ser desenvolvido para ser resistente e forte e não veloz, seu corpo é compacto, curto e atarracado. Seu dorso é forte e curto. Suas pernas são retas e musculares. Os jarretes são um pouco retos, paralelos e curtos. Seus pés são pequenos, redondos e parecidos com os de gatos. Possuem unhas forte e pretas. O quinto dedo é removido.

Pelagem e Cor:
Variam entre o pêlo-de-arame bem duro e o pêlo macio e encaracolado. Sua pelagem é a prova d’água e possui uma camada de subpelôs que controlam a temperatura do corpo. Quando nascem os filhotes são praticamente todo preto; ao crescerem a pelagem nos membros, cabeça e cauda começa a ficar castanha e o processo de tosa se inicia. A pelagem preta pode conter fios cinza ou cor de cobre.

Cabeça:
cabeça do Welsh em comparação com o Wire Fox Terrier ou o Airedale é maior e mais quadrada ou invés de ser cônica. Seus olhos são pequenos e castanho-escuros, em formato oval, posicionados no meio da cabeça, um bem distante do outro. Possui um olhar confiante e alerta. As orelhas são em forma de “V”, pequenas, mas não muito finas, portadas perto das bochechas com as pontas caídas apontando para o canto externo dos olhos quando em repouso. Sem bochechas cheias ou arredondadas. O tamanho do focinho corresponde à metade do tamanho do crânio inteiro. Stop suave. Trufa preta e quadrada. Lábios pretos e apertados. Boca com maxilares e dentes fortes. A mordedura tesoura é a preferida, porém mordedura torquês é aceitável. (em ambas mordeduras não é permitido a falta de dentes.).

Cauda:
Sua cauda é cortada numa altura que deixe seu corpo em forma de quadrado. Normalmente ela é cortada na altura da parte mais alta da cabeça do cachorro e é portada de forma ereta.

Expectativa de vida:
O Welsh vive em torno de 12-15 anos e é uma raça bastante saudável. Na velhice é normal aparecer doenças geriátricas comuns em outras raças. A única doença congênita observada da raça é um deslocamento da retina do olho que pode levar a um glaucoma secundário e até a cegueira.
Não babam e nem soltam pelos. Não devem tomar banhos com muita freqüência uma vez que a água destrói a textura aramada do pelo e elimina a oleosidade natural da pele. Um banho mensal é aconselhável. Escovações semanais costumam ser o suficiente para mantê-los sempre limpos e sem cheiro.

Perfil da Raça
Se você perguntar para 10 donos de Welsh Terrier qual a opinião deles sobre a raça, você terá 10 opiniões diferentes. Isso é que é ser um cãozinho bastante versátil! Se você acaba de comprar um Welsh ou está pensando em ter um na sua casa, seja bem-vindo ao mundo dos TERRIERS, e antes de aprender sobre o Welsh, é fundamental saber primeiro sobre os terriers.

Por ter sido desenvolvido especialmente para caçar pequenos roedores, o terrier não dispensa nunca sua personalidade forte, confiante, determinada e dominante, que o tornou durante séculos um excelente caçador. Tendem a cavar jardim devido ao seu instinto natural de procurar presas em buracos. Por serem cães de trabalho, eles não gostam de ficar sozinhos, quietinhos num canto. Esses caçadores precisam ser treinados desde cedo a obedecerem a seus donos. Se não forem controlados direito podem se tornar bastante agressivos e mau-humorados, já que são teimosos por natureza. Não são confiáveis com outros animais ou crianças pequenas, pois esses podem ser facilmente confundidos como presas. São bastante curiosos e protetores de seus territórios e famílias. Possuem um senso de humor e criatividade incríveis, e com certeza eles não são para qualquer um!

O Welsh Terrier é considerado o mais “suave” dos terriers (mas mesmo assim ele ainda é um terrier!). Ele possui a sagacidade e coragem do terrier junto com o senso prático e dignidade dos outros cães de trabalho de porte grande. Essas qualidades o ajudam a aprender os comandos básicos de treinamento, tornando um bom cão de companhia. Porém não é tão fácil assim treinar um terrier. A melhor maneira de treiná-los é através de reforço positivo e com exercícios legais, criativos e participativos. Treinamento a base de punições e agressividade não funcionará para um Welsh, tornando-o ainda mais agressivo. Seu dono deverá utilizar uma voz firme ao dar um comando mostrando ao cão estar seguro de sua posição de dominância e liderança. Crucial para a vida de um Welsh, o primeiro comando a ser utilizado deve ser o “VEM”, que poderá ser praticado a partir da 8 semana de vida do filhote. Logo depois deve ser introduzido o comando “FICA”.

Por ser bastante curioso e não ter medo de nada, o Welsh deve estar sempre preso a uma guia em seus passeios pelas ruas da cidade. Se alguma coisa o chamar a atenção, ele dará pouca importância para os carros cruzando as ruas. Ele também não é confiável junto de outros animais, principalmente gatos e outros cachorros. Dificilmente ele começará uma briga, preferindo brincar com sua família de humanos, mas ele se recusará a virar as costas para um ataque ou uma provocação. Se morar numa casa, é fundamental que ela seja completamente murada, para que ele não fuja. A curiosidade e a criatividade faz um Welsh escapar de lugares surpreendentes e até pular muros.

Muitos Welshes adoram nadar e enfiam a cara inteira na água para beber, alguns entram de corpo inteiro em seus bebedouros. Ele aceitará brincar de pegar/trazer bolinha, e não fique surpreso caso encontre peças de roupas e meias espalhadas pela casa como se fossem brinquedos dele! Ele ficará satisfeito com a quantidade de exercício que você puder lhe dar, seja uma volta no quarteirão ou meia-hora de caminhada. Ele adorará sentar ao seu lado junto de uma lareira, ou se permitido, dormir em cima de sua cama todas as noites. Nem muito grande, nem muito pequeno, ele é do tamanho ideal para a vida urbana de hoje em dia. Normalmente a maioria das famílias que desistem do Welsh e resolvem doá-lo para outra pessoa, nunca o fazem por algum problema de comportamento do cãozinho. Geralmente acontece devido a algum imprevisto na vida da família, como por exemplo, divórcio, mudança ou doença.

As principais diferenças entre machos e fêmeas é que as fêmeas são geralmente mais alertas e aprendem mais rápido. Não é à toa que as fêmeas são as atuais campeãs de caça. São mais independentes que os machos e um pouco mais dominantes em relação ao seu amor pelas pessoas. São também elas que latem mais. Já os machos, são mais amigos, companheiros e devotados. São mais desafiadores do que propriamente agressivos. Tendem a levar a vida de uma maneira mais brincalhona e relaxada.

O Welsh é bem limpinho e não baba. Seu pêlo não cai em grandes quantidades e basta escová-lo semanalmente para retirar os pelos mortos e os nós. Porém não pense que será fácil ter um Welsh com aquele belo lindo igual ao das exposições e pôsteres. Para isso, são necessárias horas de cuidado profissional. São fáceis de ensinar a fazer coco/xixi no lugar certo. Alguns problemas de comportamento encontrados nos Welshes são:

» dominância – estão sempre testando e fazendo “joguinhos de liderança” para ver quem é que manda; se deixar, ele controlará sua casa inteira;
» guarda – eles tendem guardar e não deixar que outras pessoas peguem determinados objetos ou entrem em certos lugares, ou falem com certas pessoas;
» timidez de toque – não permitem ser tocados
» alimentação – às vezes são chatinhos para comer e implicam com alguns ingredientes;
» latidos – podem virar latidores natos, principalmente quando estranhos se aproximam de sua casa.

O Welsh não é um cão de colo e de muitos mimos e carinhos. Se criado da forma correta, com treinamento desde cedo, o Welsh virá a ser um ótimo companheiro para toda família. Um bom e destemido cão que leva a vida sem muito stress.

No livro “Inteligência dos Cães” o Welsh ocupa a 53ª posição entre as raças pesquisadas. Ainda segundo o autor, isto significa que eles são considerados como medianos no processo de aprendizado e na capacidade de serem treinados para executar tarefas. Durante o período de aprendizado eles irão demonstrar sinais rudimentares de compreensão da maioria dos comandos após 15 a 20 repetições. No entanto, para que eles obedeçam razoavelmente serão necessárias de 25 a 40 experiências bem sucedidas. Se forem treinados adequadamente estes cães irão apresentar boa retenção e eles irão se beneficiar, definitivamente, de todo esforço extra que o dono dispensar durante o período inicial do aprendizado. Na verdade, se este esforço concentrado não for aplicado no início do treinamento, o cão parece perder rapidamente o hábito de aprender.
Normalmente eles respondem no primeiro comando em 50% dos casos, mas o grau de obediência final e confiabilidade irá depender da quantidade de prática e repetições durante o treinamento. Eles também podem responder de uma forma consideravelmente mais lenta do que as raças classificadas em níveis mais elevados de inteligência.

Um outro detalhe é que estes cães costumam ser extremamente sensíveis à distância física entre eles e seus donos. Ou seja, na medida em que à distância entre o cachorro e o dono aumenta, pior fica do cachorro obedecer prontamente, ou mesmo de obedecer. Não é incomum que, a partir de determinadas distâncias (que com alguns cachorros não precisa ser muito grande), já sejam necessárias várias repetições do mesmo comando, ou que o tom de voz seja elevado, para que se consiga fazer com que o cão obedeça corretamente. Paciência e persistência são condições indispensáveis para que estes cães sejam treinados com sucesso e não se tornem “impossíveis”.